A audição é um dos sentidos dos seres humanos que possibilita a interação com os
indivíduos e ambientes ao seu redor. É um dos principais canais pelo qual a linguagem
e a fala são desenvolvidas.
Mesmo antes de nascermos, ainda dentro do útero, já somos capazes de ouvir e
interagir com o meio em que estamos vivendo. Sons como os batimentos cardíacos da
mãe são uma das primeiras experiências sonoras aos quais os bebês estão expostos
inicialmente. Quando o bebê nasce, ele continua a receber informações auditivas
através da interação com o ambiente em que vive. Assim, vão sendo adquiridos
conceitos e estabelecidas algumas relações, pois no processo de desenvolvimento, a
criança precisa primeiro ouvir e entender aquilo que lhe é falado, para depois começar
a falar.
Por exemplo, quase todos os pais brincam de dar “tchauzinho” para os bebês, acenam
para eles, dizem “dá tchauzinho para a mamãe”, pegam a mão do bebê e a balançam,
etc. Lentamente a criança começa a associar o som da palavra “tchauzinho” com o
gesto de acenar. Consequentemente, após um tempo, quando os pais falam “dá
tchau”, os bebês acenam. Ás vezes, o bebê ainda não fala, mas já entende o que é dito
e consegue realizar a ordem de dar tchau.

Mas como podemos ter certeza que o bebê está ouvindo?
Muitas vezes a deficiência auditiva passa despercebida pelos pais e até pelos
profissionais de saúde, não conseguimos avaliar a audição de uma criança
precisamente, apenas pelas reações comportamentais dela frente a algum som,
comportamentos reflexos estão presentes no início do desenvolvimento infantil e
podem ser interpretados como respostas normais.
Pesquisas nos mostram que a prevalência das perdas auditivas em neonatos é
extremamente alta, onde em cada 1000 nascidos vivos em países desenvolvidos entre
2 e 4 bebês podem apresentar deficiência auditiva e pode aumentar para 6 casos em
cada 1000 nascidos vivos quando há presença de algum fator de risco, como por
exemplo a prematuridade , infecções neonatais, história familiar , dentre outros
fatores.
Atualmente através de um exames simples, rápido e indolor , realizado por um
fonoaudiólogo, podemos avaliar a audição do bebê logo ao nascimento, mesmo antes
da alta hospitalar ou no primeiro mês de vida. Este exame é conhecido com Triagem
Auditiva Neonatal - Teste da Orelhinha, através dele podemos identificar os bebês que
apresentem alguma alteração auditiva e iniciar os tratamentos antes dos 6 meses de
vida, para otimizar os resultados.
O início do tratamento, que consiste na adaptação de próteses auditivas e
acompanhamento fonoaudiológico, permitirá que a audição do bebê seja estimulada
e possa ser desenvolvida a fala e linguagem.
Texto: Karla Andrade - Coordenadora da Reabilitação Auditiva da APAE Anápolis